quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Esclarecimento

Estou aqui relendo meus alfarrapos postados e me deparei com algo que preciso esclarecer: definitivamente o cheiro de alho do ônibus, não tem nada a ver com o cheiro da merda do cavalo, foi tudo uma coincidência de encenações em palcos diferentes e na sequencia de registros literários, tenho dito.

Juliet


Juliet

Delicada e mimosa, a pequena me explicou muito rápido, apontando para o mapa, a divisão regional de seu país. Face risona, tez clara e serena, a pequena Julieta se esforçava para entender nossa língua enquanto polidamente refreava a sua própria, para que pudéssemos manter o diálogo. Pouco tempo estivemos ali entretidos com o mapa na mão, em nosso rápido intercambio.

No inverno vai à escola de camionete com as outras crianças da cidade e traz muitos deveres para casa. Gosta de esquiar com o “papa” pelas colinas de neve e não tem medo, o vento gelado no rosto, como ela diz, “é magnífic”. O anorake vermelho pendurado na parede, não deixava dúvida que estava pronta para qualquer surpresa.

Pequena Julieta, muita felicidade para você, você faz parte da minha história agora. Beijos.

Bariloche – 11/01/08

Fronteiras - Cavalo de Tróia


O tempo foi cro-no-me-tra-do, se tivesse ocorrido um segundo antes ou um segundo depois, não seria a mesma coisa: nem o cheiro da merda, nem a bunda na merda, nem a merda na mão!

Tenho certeza que fui escolhida como cavalo de tróia, não tem outra explicação para aquela pontualidade britânica no meio da mata andina e, logo na divisa! A única coisa que eu comi foi uma esfirra de carne, o derradeiro gasto em peso chileno no solo pátrio, logo adiante já era solo argentino, o trecho era mínimo para tamanha "desinbestação" intestinal!

Não sei como se deu o fato, apenas recordo que troquei a papelada toda... entreguei visto de saída de um quando era visto de entrada de outro, não prestei atenção à gozação do guarda, nada, só queria e precisava de um banheiro URGENTE. Até a fila era pontualmente seguida, será que não podia passar ninguém na minha frente enquanto eu descarregava o sanduíche chileno na latrina argentina do entreposto? Pior, não tinha papel higiênico!

Já tive muito piripiri esquisito, mais este foi internacional, alfandegário e muito, muito constrangedor. Tu já imaginou ficar com a bunda totalmente lambuzada de merda, sem papel higiênico ou qualquer coisa que o valha, num entreposto de alfândega? É literalmente um cocôde bosta, como diz a pequena Carol! Fazer o que? Como diz um grande amigo meu, Dr. Miguel, o que não tem remédio remediado está e, para reforçar, como diz um outro grande amigo meu, Prof. Júlio, a vida é um palco de grandes artistas... riso... e justo neste ato do meu espetáculo eu tive que meter a mão na merda... ainda bem que era a minha mesmo...

Bom, para tudo se da um jeito, nem lembro mais o que foi que eu fiz depois, só recordo do cheiro da bosta na mão... já se passaram muitos dias, vieram outras merdas mais
controladas e ta tudo bem, vamos em frente que atrás vem gente.

13/01/2008 – Entreposto Chile/Argentina
Retorno Cruze dos Lagos

Cheiro de Alho na Mata


Surgiram do meio do nada, acabávamos de sair do Parque Nacional Vicente Pérez Rosales. Deitados na beira da estrada, no canteiro de uma curva larga, me assustaram. Acreditei que tivesse ocorrido um acidente, aquele amontoado de corpos, quando o ônibus parou de repente. Entraram em grande alvoroço os escoteiros chilenos, rostos avermelhados pelo frio que fazia lá fora.

Eram dezesseis, acompanhados de um casal escotista. As marcas nos braços de algumas moças indicavam que ficaram no local tempo suficiente para serem alvo dos mosquitos do lugar. Moças e rapazes risonhos, poucos uniformizados, todos com o lenço do grupo à mostra, presos nas mochilas, envoltos no pescoço, até mesmo servindo de banda para os cabelos, espalharam-se pelo coletivo, provocando um grande burburinho.

Com a transcorrer da viagem se acomodaram e aquietaram até a chegada da fronteira. Brincaram com o cão farejador da aduana, sem ligar para a cara feia do gendarme argentino, não acredito que fariam o mesmo se fossem os carabineiros chilenos...

De volta à estrada, a quietude no interior do ônibus delatava o estado de cansaço geral. Sono leve sono, sono que faz sonhar...

Um cheiro forte do alho frito bolinou comigo, me despertando de algum lugar distante por onde morfeu me levara para passear... que tinha a ver aquele aroma inebriante, quente e gostoso com aquele trecho da estrada??

Na fileira de bancos oposta à minha, um jovem casal da tropa cochilava displicentemente abraçado e, sorria. Ombro acolhedor aquele, inocência sem volta. Já vivi isto...

Mas à frente a turma desceu ruidosa, garoava fininho. Mochilas e mais mochilas, sorrisos, gritos, abraços, pulos, caras de sono infantil, a farra seria agora nas barracas do camping. E viva os escoteiros chilenos!

Que tinha a ver aquele aroma inebriante, quente e gostoso com aquele trecho da estrada?? Não sei, quem sabe saudade...

13/01/2008
Cruze dos Lagos

30/01/08 - 9:05

Ai que a gripe me pegou, tava demorando... aja choque térmico estes dias, agora que aquietei e o corpo esfriou, os virus resolveram botar as barbas pra fora... chegar em casa ontem foi uma aventura, pensei que fosse ficar no caminho. Ainda bem que resolvi sair logo, se não tivesse tomado logo um chá quente com o analgéisco e o antipirético a coisa tinha ficado feia. Resultado da saída mais cedo ontem: um monte de recadinhos sobre a mesa hoje, ora bolas!

O melhor da crise onte foi a Mariazinha me cobrindo com o egredon quentinho e me olhando com aqueles olhinhos arregalados e assustados, me dando bronca... riso... ela viu que o troço tava feio.

Manhã fria de doer. Primeiro dia da meninada na escola, todo mundo banhadinho logo de manhãzinha, bonitinhos e cheirosos, eita vontade de "malhar" a lingua!

Nunca gostei tanto de chuva, este nosso verão tem sido uma descoberta maravilhosa, depois da estiagem do ano passado. Tenho sentido a chuva de forma diferente, como nunca sentira. Alias, tem muita coisa que tenho percebido de forma diferente, que bom...

Gostei do sorriso de barba, está ótimo, ótimo mesmo, fica mais vivo, mais leve, mais debochado também, fazer o que!

Bom, deixa eu cuida da vida que a morte é certa.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

29/01/08 - 09:51 h

Dia de chuva pirracenta e gostosa. A noite foi boa, dormir faz um bem danado. O relógio biológico esta meio atrapalhado, amanhã terei que usar o despertador, não tem jeito.

A grama esta ficando verdinha, verdinha... minhas ervas vão dar um toque especial ao canteiro, que bom. Acho que vou mesmo trocar o coqueirinho pela romã...

Que cheiro gostoso de vida... Preciso transcrever os textos, antes que fique longe longe o tempo. Bom dia Cinderela!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

28/01/08 - Retornando ao dia-a-dia

Coisa mais bonita e gostosa é ver você, de qualquer jeito em qualquer lugar. Sorriso sempre charmoso nos lábios, olhar direcionado, jeito abusado de falar... a ginga de sedutor sempre presente no ar, com trejeitos de homem zombeiro, fera pronta para atacar, por tras da faceirice.

Que bom que você esta bem! Coisa boa mesmo, neném, fico feliz por saber que estas a batalhar.

Quanto à sua "boucetinha", ficou debochado o trocho... "já me ri" de acabar... como é mesmo a poesia da maçã??? rsss. A "boucetinha" com cara de deboche no entanto, revela mutias outras coisas, que ficam empregnadas no ar, muito além do cheiro do bacalhau-au-au...

Beijinhos poetinha abusado e não adianta espernear, o temor do esquecimento etéreo não me assusta.